domingo, 12 de julho de 2015

O incrível mistério dos olhos claros

A camiseta larga não me engana.
O cabelo claro desajeitado, a calça folgada ou o tênis all star que um dia foi branco...
Eu nunca esqueci nenhum detalhe.
A voz adocicada travava algumas vezes entre o "R" e "S" paulista.
Estou buscando adjetivos para descrever o sorriso que me deixa desconcertada em fração de segundos, mas não encontrei.
Provalmente, eu teria que criar uma palavra que fosse derivada de "encantador" e "tranquilizante"
Todo charme, finaliza com um óculos que desliza o nariz durante a leitura.
Quem diria que você me renderia algumas palavras ou até mesmo um texto quando o que eu mais fazia era te ouvir.
Eu pude escolher sair todas as vezes, mas quis ficar. Sem ninguém forçar.
Horas, dias e meses essa estranha força era abastecida por simplesmente te ver.
A distância - que na realidade não era muita - me deu o privilégio de observar tudo que compunha essa imensidão de delicadeza.
Eu não sei lidar com as sensações que você desperta em mim. Você definitivamente veio para me confundir.
Não se preocupe, pois a culpa não é sua.
Você não tem culpa de reunir a paz em sua risada, a ternura no seu abraço e a compaixão nos seu olhar.
Alguns me disseram que essa paixão é algo como sapiossexual, mas dizem isso porque não tiveram a oportunidade de te conhecer.
Seria egoísmo agradecer por nunca terem te visto, mas confesso que (em silêncio) eu agradeci.
O acaso te trouxe para perto de mim, mas outra oportunidade pode te levar para bem longe daqui.
Então, aproveito a oportunidade para dizer que eu não sei o que é viver longe da minha família como você, mas se quiser, eu estou disposta a tentar.
A idade a gente deixa para lá, prometo que você nem vai reparar.
Tenho certeza absoluta que eu me apaixonaria todos os dias e cada vez mais por você.

De olho nas redes sociais

Esse mundo repleto de redes socias contribuiu para desenvolver o meu lado psicopata. O qual eu gostaria imensamente que fosse moderado, mas não é.
Essa mania infeliz de achar que estamos no controle de tudo com apenas um click tem tirado boas horas do meu sono.
Enquanto o meu celular tem bateria, eu estou pesquisando. Não sobre Shakespeare, mas sobre a sua (fake) vida.
Cá entre nós, eu sei e todo mundo sabe que você não aguenta beber nem duas doses de tequila. E que seu copo na mão tem mais energético que vodka.
Mas tudo bem. Se socialmente você faz isso para ser aceito, continue se afundando.
Eu agradeço por você expor sua opinião sobre política, assim eu posso descobrir quem você é de verdade e desfazer nossa amizade (com um click).
O nome disso não é intolerância. O nome disso é "não suportar a tal da falsiane que diz uma coisa e faz outra".
Se você é legal, eu curto suas fotos. Se você não é, eu curto também.
Eu adoro entrar na opção "mapas" do instagram e abrir foto por foto dos lugares por onde você diz que passou. Mas na verdade, seu check in não coincide com o que você postou. Ops!
Eu adoro ver as páginas que você curte no facebook e descobrir que por trás do preto em nome do Rock, existe (um click especial) Bethânia e dietas detox.
O meu álbum favorito é o "marcação de amigos", porque eles postam você nas piores poses, sem efeitos de imagem e na, maioria das vezes,  em situações engraçadas.
Talvez eu seja psicopata mesmo.
Mas talvez eu só queira conhecer quem você é.
Esse fulano que vive de estereótipos facilmente digeridos,  não me interessa nenhum um pouco conhecer.
Provalmente os seus 1567 amigos não saibam, mas você é muito mais do que os seus posts!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Sobre os textos

Eu não estou apaixonada.
Eu não estou sofrendo de amor.
Apenas treinando para escrever um livro.
Eu não fui a China, mas posso falar sobre ela.
O que eu escrevo aqui pode ser verdade, mas pode ser mentira.
Às vezes sou Maronela, Manoela e até Stella. 

Ele me chamou para tomar vinho


Eu não estava preparada - na verdade,  até agora não estou.
Era um dia normal, bem normal por sinal.
Em todas as nossas conversas, eu era a responsável por iniciar o assunto... Mas dessa vez foi diferente. Ele me surpreendeu.
Não que meu coração pulasse de felicidade antes, mas ele resolveu bater em descompasso.
O nome disso não é amor, por favor!  É apenas "eu não estava esperando por essa, porém você me deixou feliz".
Tem pessoas que passam por nossas vidas e são facilmente esquecidas, outras que guardamos uma espécie de raiva disfarçada de ironia para tentar esquece-las a todo custo além daquelas que sempre lembramos durante o dia - e noite, principalmente.
Mas existe um tipo único: as que fazem sorrir sem você nem perceber.
É um carinho tão forte que acaba deslizando pelos lábios da forma mais sutil e amável.
Sabe, eu já gostei de muita gente. Já me apaixonei algumas boas vezes também.
Algumas, eu gostei mais do que simplesmente gostar, mas não ao ponto de amar - tenho certeza absoluta disso.
Vamos ver se consigo explicar.
Existe uma parte dentro de nós livre de ciúmes, cheia de verdades, entregas e risadas. Essa parte é capaz de esquecer o stress do dia a dia, os preconceitos e os paradigmas.
Pense na união de excelentes amigos em um caso amoroso sem que ninguém saia machucado.
Confesso que, tecnicamente, isso parece perfeito - e é!
Mas eu não o escolhi, nem ele me escolheu. Por quê? Eu nunca parei para pensar se existia um motivo exato ou vários deles.
Foi assim e ponto. Não por nada, nem por ninguém.
Eu não era dele. Eu nunca fui dele. Eu nunca pensei em ser dele.
As horas que passávamos juntos eram como órbita.
Eu estava 100% ali. Se perguntassem o meu nome, provavelmente eu não saberia responder.
Funcionava como hipnose e quando eu voltava para a casa, o botão responsável por apagar tudo aquilo era ativado e voltávamos a ser apenas bons amigos.
Eu não telefonava, nem chamava.
Minha caixa de texto e email permaneciam vazios, mas eu não me importava.
Era como se existisse um começo e fim todas as incansáveis vezes que nos víamos.
Embora esse "fim" fosse algo simbólico, num belo dia, teve um ponto final de verdade.
Nunca mais nos vimos ou nos falamos.
Era um livro em branco. Sem fotos, sem tickets do cinema ou rosas secas de recordação. Mas eu juro, estava tudo bem.
Foram dias e meses. Meio ano praticamente.
Eu não esperava...
Depois de tanto tempo - do mesmo jeito de antes -, nos falamos.
Suave, o papo rendeu como as noites que passávamos na cama rindo de coisas inúteis.
Parece que nada mudou. Exceto pelo fato de que eu tenho alguém ao meu lado... E ele também!
Mas não nos importamos com isso, até porque não estávamos falando sobre sexo nem nada do tipo... Apenas falávamos sobre coisas da vida.
Talvez essa "vida" tenha pausado e deixado um espaço para a saudade que estávamos um do outro.
Então, ele me convidou para tomar vinho.
Se ele soubesse que não tenho o hábito de tomar vinho, e que meu refinado paladar para esse tipo de bebida alcoólica tenha variado entre aqueles galões de cinco litros e alguns outros perdidos em armários nos finais das festas, ele certamente me convidaria para tomar qualquer cerveja, sem essa de ser artesanal. Eu gosto mesmo daquela que aparece na propaganda do jornal.
Ele nunca me viu de salto alto, super maquiada ou de vestido colado. Muito pelo contrário...
Meu cabelo estava sempre bagunçado, porque ele praticamente arrancava 30% dele. Minha maquiagem - o resto que tinha, né? - ficava na fronha ou na camiseta dele.
Eu estava sempre descalça, de blusinha e uma calcinha aleatória.
Ele nunca me viu vestida de princesa e provavelmente nunca verá.
Sei lá, perderia toda a graça. E quer saber? O que me fez sentir saudade foi justamente a danada da graça.
A simplicidade com que um sempre tratou o outro.
Não precisávamos de jantares caros, aliás, eu sempre ia embora morrendo de fome porque o tempo passava tão rápido e eu só queria saber de aproveitá-lo da melhor forma possível.
Decidi não recusar!
Afinal, eu nunca soube dizer se o vinho que tomamos na casa dele era realmente muito bom ou se era tudo que estava ao redor dele.